quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

No ônibus, o jeitinho e o otário.


  Diferentemente dos post anteriores nos quais eu tento passar algum conteúdo (dê uma passadinha lá e indique a algum amigo, familiar, qualquer um e deixe um comentário; desde já agradeço) vai ser mais um texto reflexivo.
  Como todos sabem, o transporte público em todo o Brasil é de qualidade bem discutível (devo fazer um post sobre o assunto, mas não ao caso agora). Entretanto, acabamos entrando em contato com outras pessoas de realidades diferentes da nossa, mesmo morando na mesma cidade.  Diferença de idade, orientação religiosa, orientação sexual, realidade econômica diferente. Além disto, acabamos, muitas vezes sem querer, ouvindo a conversa daqueles que, como eu e/ou você, estamos lá presentes.
Nesta semana, eu estava em um ônibus. Aconteceu o que falei agora a pouco: percebi que um idoso ia conversando com o cobrador. Não ia prestando muita atenção na conversa. Até que o senhor falou uma frase que me chamou atenção. “O povo pensa que é malandro, mas é otário”. A conversa se estendeu com o senhor explicando sua posição da qual eu discordo e confesso que não lembro no momento (e acabei não entrando na conversa). Mas sua frase acabou ficando.
  Fiquei pensando nela até escrever este post. E realmente, nós (brasileiros) achamos que somos malandros, espertos que nosso jeitinho vai nos livrar ou que basta para levarmos a vida. Mas não é nada disso. Somos verdadeiramente uns otários. Muitos se acham sabidos e dão seu jeito, se enrolam mais na maioria das vezes e acabam prejudicando aqueles que querem simplesmente viver de forma correta.

Jeitinho x Criatividade

 Sinceramente, acho que somos um povo muito criativo. Quando nossa criatividade é usada para coisas boas vemos verdadeiros ícones de nossa cultura. Pelé, Zico e Marta no futebol; Oscar, Hortência e Paula no basquete; Caetano Veloso, Elis Reina na música; o casal Jorge Amado e Zélia Gattai na literatura. Falta espaço aqui neste blog para falar de todos aqueles que, com sua engenhosidade/originalidade, fizeram e fazem parte da história do Brasil.
  Infelizmente, essa criatividade não é usada apenas para o lado bom. Pelo lado ruim também. Usamos essa criatividade para benefício próprio e acabamos prejudicando terceiros. Vai desde as menores coisas (furar fila, pessoas não idosas parando em vagas para idosos, colar em prova, etc.) e indo até casos mais complexos (desvios de dinheiro público para benefício próprio).
  Sim! A corrupção é o jeitinho brasileiro sendo executado. Quando um político nos rouba milhões, ele está fazendo a mesma coisa que você que quando para na vaga de deficiente sem ser um. É claro que a atitude do político está em uma escala muito maior. (o que também não inocenta em nada nossos pequenos casos de violação da lei). Antes que alguém possa achar que me considero um cidadão “limpo” ou até hipócrita, confesso que também cometo meus “deslizes éticos”. Muito por isso vivemos na situação em que nos encontramos e temos os políticos que temos. Enfim. Espero que você tenha compreendido essa minha “viagem”. O que nos resta fazer? Ser menos o malandro e mais o criativo.  Farei minha parte. E você? Vai fazer a sua?